Que os carrapatos são um grande problema na pecuária nacional e que eles causam prejuízos bilionários ao setor produtivo você já sabe. Mas, o que fazer quando esse problema se intensifica e os medicamentos aplicados para o controle desse parasita param de fazer efeito?
A resistência aos carrapaticidas é uma questão que tira o sono dos produtores rurais de bovinos no Brasil e em todo o mundo. Esse problema tem como causa, principalmente, a aplicação inadequada e indiscriminada dos carrapaticidas, resultando na seleção natural dos carrapatos existentes no rebanho.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o descontrole populacional do carrapato na pecuária bovina traz inúmeros prejuízos, pois tem como consequência a perda de peso dos animais, a redução na produção de leite, a desvalorização do couro, a perda de animais pela transmissão da tristeza parasitária bovina e o aumento dos gastos com medicamentos.
Um dos antídotos para esse problema está em um exame laboratorial simples, chamado biocarrapaticidograma Com ele, o produtor consegue identificar a resistência dos carrapatos aos diferentes grupos químicos de carrapaticidas e ajuda na escolha mais eficaz do produto para o controle no rebanho, evitando gastos com medicamentos que não funcionam.
Neste artigo, vamos te trazer mais informações sobre esse teste. Acompanhe!
O que é um biocarrapaticidagrama e por que ele é importante?
O biocarrapaticidograma é um teste laboratorial que verifica a resistência dos carrapatos (principalmente o Rhipicephalus microplus) aos diferentes princípios ativos de carrapaticidas, como organofosforados, piretróides, amitraz e ivermectina, usados na propriedade.
Este teste laboratorial realizado com carrapatos adultos coletados na fazenda, auxilia o produtor a escolher o produto mais eficaz para a sua realidade e a economizar dinheiro, evitando tratamentos ineficientes e repetidos.
Entre os principais benefícios para a realização do teste estão:
·Escolha correta do carrapaticida
·Redução de custos e de falhas no controle
·Atraso no desenvolvimento de resistência
·Segurança no manejo
Passo a passo para a coleta dos carrapatos
De acordo com a Embrapa, para a realização do biocarrapaticidograma é necessária a coleta de carrapatos em animais sem tratamento com carrapaticidas há pelo menos 30 dias para produtos de ação por contato (usados em banheiros de imersão, aspersão ou pour on de efeito residual mais curto) e 50 dias no caso de produtos de ação sistêmica (injetáveis ou pour on) de efeito residual prolongado.
Para se evitar que todo o rebanho fique sem tratamento em períodos críticos de infestação, a coleta pode ser feita de um grupamento de 3 a 5 animais previamente selecionados para ficarem sem tratamento pelos períodos indicados.
Para a coleta, o produtor deve:
·Estar com as mãos limpas de qualquer resíduo de produto químico
·Retirar do corpo dos bovinos aproximadamente 250 carrapatos grandes, completamente repletos de sangue.
·Realizar a coleta nas primeiras horas do dia, pois as fêmeas ingurgitadas tendem a se desprender do corpo do animal no período da manhã.
Após a coleta, o produtor deve acondicionar os carrapatos em um recipiente limpo, como um pote de plástico ou de vidro sem resíduos de produtos químicos, com orifícios para entrada de ar e papel umedecido com água forrando o fundo. Este recipiente deve ser mantido em um ambiente fresco até o momento da sua entrega no laboratório.
O ideal é que a mostra seja entregue no laboratório no mesmo dia da coleta, mas caso isso não seja possível, mantenha o recipiente na parte inferior de uma geladeira, por no máximo 24 horas, para que a baixa temperatura retarde o início da postura de ovos.
A Embrapa orienta que as propriedades que utilizam banheiro de imersão coletem amostra da calda para que seja testada da mesma forma que os carrapaticidas comerciais. Neste caso, a amostra precisa ter de 500 ml a 1 l e deve ser coletada próxima à data do envio e após intensa homogeneização do banheiro.
Como o laboratório realiza o teste?
Para a realização do teste, os carrapatos são expostos a várias concentrações de diferentes princípios ativos de carrapaticidas.
Desta forma, o laboratório avalia a taxa de mortalidade e o nível de resistência dos produtos.
Na prática, os resultados mostram:
·Quais produtos ainda fazem efeito
·Quais estão ineficazes
·Qual o princípio recomendado para controle imediato
Erros comuns que invalidam o teste
·Coletar carrapatos machucados ou mortos
·Enviar amostras expostas ao sol
·Usar recipientes fechados sem ventilação
·Coletar carrapatos jovens (não ingurgitados)
·Demorar muito para enviar a amostra ao laboratório
Como interpretar o resultado do biocarrapaticidagrama?
O laudo emitido pelo laboratório vai informar a eficiência por princípio ativo no combate aos carrapatos.
O produto é recomendado quando a eficiência é igual ou superior a 80%.
Eficiência de 50% a 80% indica que o produto deve ser utilizado com cautela.
Abaixo de 50%, o produto deixa de ser indicado.
Produtor precisa diversificar princípios ativos para driblar resistência
Para driblar a resistência e alcançar alta eficiência no controle de carrapato, o produtor deve ter à sua disposição produtos de alta performance e com diferentes princípios ativos.
A Bimeda, empresa especialista em saúde animal, oferece diversas opções aos produtores rurais. É o caso do Texvet Max Pulverização, indicado para uso em pulverizações no combate a carrapatos, larvas de Dermatobia hominis e moscas do gênero Haematobia irritans (adultos). O produto deve ser usado, principalmente, em propriedades com resistência a princípios isolados. É bastante útil em surtos intensos.
Outro medicamento bastante eficiente é o Carvet. O produto é indicado para todas as fases do carrapato do bovino (adultos e larvas) e tem atuação em cepas resistentes à ação de organofosforados e piretróides.
É importante se lembrar de sempre consultar um médico-veterinário, que auxiliará na interpretação do biocarrapaticidagrama e na escolha do produto a ser usado na propriedade!
Testar é mais barato do que errar no controle
Como vimos, o biocarrapaticidagrama evita perda de produtividade, reduz falhas e necessidade de retratamentos e permite o controle mais eficiente e sustentável. É por isso que os especialistas orientam que o teste seja feito anualmente ou assim que o produtor observar falhas no controle dos carrapatos.
Afinal, testar é muito mais barato do que aplicar um produto errado!
Para orientação sobre controle estratégico de carrapatos e uso correto de carrapaticidas, consulte a equipe técnica da Bimeda.